Sou eu que me visto com noite,
Me deito na terra
E solto uma palavra:
LUA.
Nua,
Sou eu que penteio o mar,
Nos dedos desfaço ondas,
Deste meu disperso cabelo.
ESTRELAS.
É vê-las
Cair sem esperanças de voltar,
Quando estou a chorar
Sonhos acordados
Saudades.
Saudades de ti;
Que ao contrário de mim,
Te vestes com dia
E deitando-te na terra,
Soltas outra palavra:
SOL.
E eu estou do outro lado.
Susana Júlio, in Riscos que ficaram no Tempo, Som da Tinta.
5 comentários:
Fiquei sem palavras para comentários inteligentes. Lindo.
Muito obrigado...é apenas isso...sentir...é como faço...
Os livros de poesia não são para se ler... são para se ir lendo... é como tenho feito com o teu... tem um sítio cativo, no meu cantinho aqui em casa, em cima de uma mesa que tenho aos pés da cama... juntamente com o dvd que me gravaste, com a estrelinha da sorte da João... e este poema já lhe tinha dado uma vista de olhos, sim... lembro-me dele...
Que bom é quando encontramos quem diga não a mesma palavra que nós... mas sim a palavra que complementa a nossa palavra com toda a perfeição e harmonia... é daqueles deslumbramentos que justificam todas as vestes de noite que vestimos...
Beijo grande!!
:) Coisas preciosas conforme as sentimos...
Adorei o poema, Su!
Às vezes é mesmo isso, sentimos que o nosso modo de viver não encaixa no modo dos outros, como peça de um puzzle desirmanada...
Beijocas!
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