22/07/2008

De um lado ao outro...

Sou eu que me visto com noite,
Me deito na terra
E solto uma palavra:
LUA.
Nua,
Sou eu que penteio o mar,
Nos dedos desfaço ondas,
Deste meu disperso cabelo.
ESTRELAS.
É vê-las
Cair sem esperanças de voltar,
Quando estou a chorar
Sonhos acordados
Saudades.
Saudades de ti;
Que ao contrário de mim,
Te vestes com dia
E deitando-te na terra,
Soltas outra palavra:
SOL.
E eu estou do outro lado.
Susana Júlio, in Riscos que ficaram no Tempo, Som da Tinta.

5 comentários:

1/4 de Fada disse...

Fiquei sem palavras para comentários inteligentes. Lindo.

Susana Júlio disse...

Muito obrigado...é apenas isso...sentir...é como faço...

Porcelain disse...

Os livros de poesia não são para se ler... são para se ir lendo... é como tenho feito com o teu... tem um sítio cativo, no meu cantinho aqui em casa, em cima de uma mesa que tenho aos pés da cama... juntamente com o dvd que me gravaste, com a estrelinha da sorte da João... e este poema já lhe tinha dado uma vista de olhos, sim... lembro-me dele...

Que bom é quando encontramos quem diga não a mesma palavra que nós... mas sim a palavra que complementa a nossa palavra com toda a perfeição e harmonia... é daqueles deslumbramentos que justificam todas as vestes de noite que vestimos...

Beijo grande!!

Susana Júlio disse...

:) Coisas preciosas conforme as sentimos...

Teté disse...

Adorei o poema, Su!

Às vezes é mesmo isso, sentimos que o nosso modo de viver não encaixa no modo dos outros, como peça de um puzzle desirmanada...

Beijocas!